Uma dúvida pode surgir repentinamente. Mas por que raios vocês (quem são vocês?) só pretendem falar dos filmes de terror/suspense? Bom, digamos que essa é a ideia inicial. A verdade é que ADORAMOS filmes do tipo e acompanhamos a evolução dessas películas desde pequenininhos. Isso significa assisti-los toda semana, desde os 6 anos de idade, na televisão do quarto dos pais, com as portas trancadas e com direito a sustos dos primos engraçadinhos. E acreditamos que por esse vasto conhecimento adquirido (na vida, na faculdade de Jornalismo, oficinas de vídeo e sessões de cinema), depois de muitos sustos, gritos, pesadelos e noites de luzes acesas, e por um feeling inerente, estamos aptos a opinar com responsabilidade sobre o que assistimos. Por isso, confie! Mesmo estando no escuro.
Só mais uma coisa que você precisa entender: o nome do Blog. Apesar de parecer óbvio, é bom explicar. Filmes bons ganham um botãozinho verde, de ON. Os ruins, recebem o vermelho, OFF. Simples assim! =)
Considerações feitas, vamos ao primeiro título analisado pela equipe do Terror ON-OFF:
O Cemitério Maldito
Este clássico do terror - e neste caso eu realmente fico em dúvida se é terror ou suspense - é baseado no livro homônimo do grande Stephen King, se me permitem o adjetivo, já que não nego meu fanatismo pelas tramas do escritor inglês. A história é simples e tão intrigante que chega a revoltar: os Creed (não, não há nenhuma relação com a banda já que o filme é de 1989) mudam-se para uma nova casa perto de Chicago. A casa fica próxima a uma estrada onde enormes caminhões circulam 24hs e no caminho de um cemitério de animais (o tal "Pet Sematary" onde Joe Ramone, dos Ramones, canta incansavelmente que não quer ser enterrado, na música de mesmo nome, confira aqui). Eis que o gato da Ellie (Blaze Berdahl), filhinha dos Creed - uma menina chata, mimada e irritante e ao meu ver a causadora inicial de todo o problema - é atropelado. O pai Louis (Dale Midkiff) se lamenta com o vizinho Jud (Fred Gwynne) sobre a morte do felino, fato sobre o qual a menina ainda não tomou conhecimento. Jud, preocupado com a chateação e o berreiro da menina, mostra a Louis um cemitério que fica além do cemitério dos bichos... é um cemitério indígena onde o que é enterrado volta à vida. E qual a fantástica ideia do pai? Claro, enterrar o bichano pra que a menina não tenha que enfrentar tão precocemente as dores da perda, entender o que é a morte, conhecer a encapuzada com a foice... enfim, como quiser entender. Digo isso pois antes do gato ser esmagado pelo caminhão, a menina já previa a morte do animal com seus poderes psíquicos e intuição aguçada (sarcasmo meu), e começa a perguntar ao pai se o bichinho corre risco de morte se for castrado... o que só faz iniciar uma discussão papai-mamãe sobre o quão cedo seria para explicar para a menina que a vida, um dia, chega ao fim. Profundo, não?
Voltando à trama, se você ainda não conhece esse filme, deve estar perguntando onde é que está o terror nisso. Explicarei. Acontece que, o que ressuscita naquele cemitério indígena não volta a ser o que era antes, ou seja, o gatinho não voltou manso e carinhoso, mas sim arisco e nervosinho, malvado. Daí pra frente é uma trapalhada atrás da outra do pai. Imagine o que aconteceria se uma pessoa fosse enterrada no tal "cemitério ressusciceitor Tabajara"? Pois é. Se você não assistiu, não vou estragar sua chance de descobrir. E preste atenção na cena do filhinho Creed, o Gage (Miko Hughes) brincando com a pipa, por que ela vai ficar na sua cabeça por muuito tempo (isso se você tiver coração).
Enfim, o que gosto nesse filme que me faz indicá-lo como ON é a história em si, um enredo genial e original do Stephen, além de gostar dos personagens, dos atores e da fotografia de maneira geral. Acredito que pra época o filme conseguiu ganhar o status de "bem feito". A maquiagem deixa sim um pouco a desejar, mas não dá pra se esperar produção e efeitos como os de Avatar mais de 20 anos atrás. Ponto para o ator Miko Hughes, o Gage, fofinho e demoníaco ao mesmo tempo, como toda criança de filme de terror deveria ser. Denise Crosby também ficou ótima no papel de Rachel, a matriarca da família, principalmente nas cenas finais. Só achei sem sal a atuação de Dale Midkiff, o pai. É um papel que demanda muita emoção, indignação, e apesar dele ter se esforçado, o resultado poderia ter sido melhor. No final das contas, apesar de algumas falhas de produção e efeitos, o saldo é positivo por que a adaptação do livro foi bem feita, levantou todas as questões em que Stephen pensou quando escreveu o livro, causando a uma dor de consciência desejada, uma atordoação já prevista por ele no The End. Afinal, no ápice do desespero da perda, quem de nós não gostaria ou faria de tudo para ter um ente querido de volta? Filme muito bom, surpreende, com um começo, meio e fim totalmente imprevisíveis, cheio de surpresas e cenas de arrepiar.
Curiosidade: Stephen King participa do filme também como ator. Ele faz o papel de padre durante o enterro.
Título original: Pet Sematary
gênero: Terror
duração: 01 h 43 min
ano de lançamento:1989
estúdio: Paramount Pictures / Laurel Productions
distribuidora: Paramount Pictures
direção: Mary Lambert
roteiro: Stephen King, baseado em livro de Stephen King
produção: Richard P. Rubinstein
música: Elliot Goldenthal
fotografia: Peter Sein
direção de arte: Dins W. W. Danielsen
figurino: Marlene Stewart
edição: Daniel P. Hanley e Mike Hill
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Essa foi a crítica de hoje. Qual você quer que seja a próxima? Comente logo aqui embaixo e nos ajude a fazer um cinéfalo feliz. Até a próxima... e vá pela sombra! hehehe =)